Poder de neutralização de pH

O potencial de hidrogênio iônico (pH) do solo é um dos fatores que interfere diretamente no desenvolvimento e produção das plantas. O pH é um índice que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio em decorrências dos ácidos que em solução aquosa liberam íons hidrogênio H+ (Lopes et al., 1990). O poder de neutralização de pH está associado à capacidade de uma solução resistir a mudanças no pH quando ácidos ou bases são adicionados, também denominado de Poder Tampão.

Os sistemas de tamponamento desempenham um papel crucial em muitos processos biológicos e químicos, pois ajudam a manter o pH dentro de um intervalo específico. Em resumo, o poder de neutralização de pH se refere à capacidade de uma solução tamponada resistir a mudanças no pH, mesmo quando ácidos ou bases são adicionados à solução.

Essa é uma informação importante, pois a grande maioria dos solos agrícolas brasileiros apresenta alta acidez (pH H2O < 5,5), sendo um dos principais responsáveis pela baixa produtividade das culturas. Assim, esses solos necessitam que o seu pH se eleve por meio da aplicação de corretivos, visando neutralizar os efeitos dos elementos tóxicos e fornecer, ao mesmo tempo, Ca e Mg como nutrientes.

A calagem é uma das práticas agrícolas mais utilizadas por criar condições ideais para o desenvolvimento da maioria das culturas de interesse agrícola. Essa técnica é indispensável para a obtenção de altas produtividades nos solos ácidos dos países tropicais. A necessidade de calagem varia de acordo com as propriedades químicas e físicas do solo. Diferentes características, como textura e o teor de matéria orgânica, podem influenciar na quantidade de CaCO3 a ser aplicado. Os solos mais argilosos, normalmente apresentam um poder tampão maior enquanto solos mais arenosos apresentam um poder tampão menor.

Rochas consideradas básicas, como os basaltos, têm maior efeito alcalinizante, comparadas a rochas ácidas, como os granitos (Campbell, 2009). Os basaltos são rochas que apresentam uma mineralogia específica composta principalmente por minerais como Labradoria (Na0,5-0,3,Ca0,5-0,7)Al(Al0,5-0,7,Si0,5-0,3)Si2O8, Andesina (Na0,7-0,5Ca0,3-0,5Al1,3-1,5Si2,7-2,5O8), Augita (Ca,Na)(Mg,Fe,Al,Ti)(Si,Al)2O6 e principalmente vidro vulcânico material de baixa cristalinidade com alta reatividade no solo.

Pesquisando diferentes doses de basalto em um experimento de incubação com Latossolos Amarelos distróficos, Mello et al. (2012) concluíram que o efeito da adição das doses de basalto apresentou maior eficiência para a neutralização da acidez potencial, elevando o pH em água de 4,8 até 5,5, principalmente com altas doses. Alosivi et al. (2017), em um estudo similar com Latossolo Vermelho distroférrico argiloso observaram que a dose de 12 Mg.ha-1 de pó de basalto proporcionou a máxima redução da acidez ativa, elevando o pH em água de 5,9 para 6,4, aos 90 dias da reação do pó de basalto no solo.

Em estudo em campo também tem demonstrado o efeito da aplicação do basalto na redução da acidez. Em pastagens, Delacorte et al. (2015) observaram que o pó de basalto hidrotermalizado promoveu a diminuição dos teores de Al3+e de H+Al de 1,8 para 1,3 cmolc kg-1 e de 17,7 para 12,2 cmolc kg-1 respectivamente, e o aumento na produção de Matéria Seca de 600 para 1400 kg ha-1. O pó de basalto hidrotermalizado é composto de minerais silicatados, dentre eles argilominerais 2:1 que ao reagir no solo liberam hidroxilas, sugerindo o efeito nos componentes de acidez. Em estudo com o plantio de soja, o valor do pH CaCl2 e pH H2O aumentou em relação às análises prévias a aplicação do basalto a partir da dose 5 Mg ha-1 (Alovisi et al., 2023). Vale destacar nesse estudo que os benefícios vão além da alteração de pH.

Altura de plantas e diâmetro do caule da soja foram influenciadas pela adição do pó de rocha, com maiores valores de altura e diâmetro de caule observados com a adição de 2,5 Mg ha-1 de pó de basalto. A produtividade da cultura da soja foi influenciada pela adição de pó de basalto, com produtividade máxima obtida na dose de 8,3 Mg ha-1.

Referência Bibliográfica

ALOVISI, A. M. T., TAQUES, M. M., ALOVISI, A. A., TOKURA, L. K., DA SILVA, R. S., & PIESANTI, G. H. L. M. (2017). Alterações nos atributos químicos do solo com aplicação de pó de basalto. Acta Iguazu, 6(5), 69-79

ALOVISI, A. M. T., TOKURA, W. I., KAI, P. M., TAQUES, M. M., CASSOL, C. J., DA SILVA, R. S., ... & LIMA, N. D. (2023). Atributos químicos do solo e componentes agronômicos na cultura da soja pelo uso do pó de basalto.

OBSERVATÓRIO DE LA ECONOMÍA LATINOAMERICANA, 21(9), 14220-14237. CAMPBELL, N. S. (2009). The use of rockdust and composted materials as soil fertility amendments. 402 p. Thesis (Ph.D. in Philosophy) - University of Glasgow, Glasgow.

DALACORTE, L., KORCHAGIN, J., ABREU, C. T., TONINI, V., MULLER, R., & BORTOLUZZI, E. C. (2015). Componentes da acidez do solo e produção de pastagem em campo nativo submetido à aplicação de pó-de-basalto hidrotermalizado (. In XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. Natal-RN).

LOPES, A. S. (1990). Acidez do solo e calagem. 3a ed. Ver. / A S. Lopes, M. de C. Silva e L.R. G. Guilherme - São Paulo, ANDA, 22 p. (Boletim Técnico, 1). MELO, V. F., UCHÔA, S. C. P., DIAS, F. D. O., & BARBOSA, G. F. (2012). Doses de basalto moído nas propriedades químicas de um Latossolo Amarelo distrófico da savana de Roraima. Acta amazônica, 42, 471-476

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