O que são os remineralizadores?

A agricultura regenerativa é um conceito criado pelo americano Robert Rodale, que aposta em um modelo agrícola que defende que é possível produzir recuperando o solo e preservando o meio ambiente, restaurando áreas degradadas, conservando espécies animais, aumentando a captura de carbono no solo e a conservação de recursos hídricos. A proposta da agricultura regenerativa visa a regeneração e manutenção de todo o sistema de produção agrícola, incluindo as comunidades rurais e os consumidores. Essa regeneração da agricultura leva em conta os aspectos econômicos, questões ecológicas, éticas e igualdade social. Nesse modelo de agricultura é possível produzir em pequena, média ou larga escala, mantendo o solo saudável ou recuperando suas propriedades básicas.

Quais os objetivos?

Os objetivos da agricultura regenerativa são resumidos em cinco tópicos (Elevitch et al., 2018):

          • Solo: Contribuir para a construção de solos juntamente com a fertilidade e a saúde do solo.;

          • Água: Aumentar a percolação e retenção de água, e escoamento de água limpa e segura (runoff);

          • Biodiversidade: Conservar a biodiversidade;

          • Saúde do ecossistema: Colaborar para a capacidade de auto-renovação do ecossistema e resiliência;

          • Carbono: Promover o sequestro de carbono.

Princípios da agricultura regenerativa

A agricultura regenerativa é baseada nos princípios da agricultura orgânica combinados com práticas de saúde do solo e gestão da rerra, adaptados às práticas da agricultura moderna.

Para isso alguns princípios são preconizados:

          • Adotar o uso de plantas de cobertura;

          • Evitar e/ou reduzir o uso de arado de disco no solo;

          • Pastagem de gado para estimular o crescimento natural das plantas;

          • Manter o desenvolvimento de outras plantas na pastagem;

          • Promover o bem-estar animal;

          • Reduzir o uso de fertilizantes e defensivos;

          • Nenhuma utilização ou limitada de organismos geneticamente modificados para promover a biodiversidade;

          • Adotar práticas justas de trabalho para os agricultores.

Qual a diferença da agricultura regenerativa para os outros tipos de agricultura alternativa?

A agricultura alternativa propõe um novo modelo de produção alternativo à agricultura convencional, que enfatiza o manejo do solo, as relações biológicas (ex: manejo integrado de pragas), fixação biológica de nitrogênio e sequestro de carbono.

Dentre os tipos de agricultura alternativa podemos citar a agricultura orgânica, os sistemas integrados (silvopastoril, agroflorestal), agroecologia e agricultura sintrópica, por exemplo. São práticas sustentáveis que objetivam uma produção agrícola que colabore com a preservação do solo e do meio ambiente.

A agricultura regenerativa associa essas práticas e manejos da agricultura alternativa, se diferenciando pelo principal objetivo que é regenerar o solo, colaborando com a mitigação das mudanças climáticas.

Agricultura regenerativa no Brasil

No Brasil, o país tem adotado diferentes práticas sustentáveis que têm auxiliado a aumentar a produtividade da terra, porém mantendo a qualidade do sistema produtivo. Entre as práticas já adotadas na agricultura regenerativa, encontra-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP), o plantio direto, sistemas de irrigação e os sistemas integrados de produção.

O plantio direto é uma prática que consiste em fazer uma mínima perturbação no solo no momento da semeadura e que tem o objetivo de conservar o solo. O não revolvimento da terra e a manutenção dos resíduos da colheita anterior protegem o solo, conservando a umidade e a biodiversidade. Os restos culturas também auxiliam no aumento da matéria orgânica do solo, que promove melhor agregação e infiltração da água, resultando em condições de redução de erosão do solo e aumento de carbono no solo. Estima-se que o Brasil tenha 22 milhões de hectares com o sistema plantio direto, segundo a Federação Brasileira de Plantio Direito. Até 2030 esse número pode ultrapassar 50 milhões de hectares.

Os sistemas integrados como a Integração Lavoura Pecuária (ILP) e a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) tem como princípios a integração entre a agricultura e a floresta, a conservação dos recursos naturais e a reciclagem de energia e nutrientes pela integração das culturas. O objetivo desta prática é gerar o melhor aproveitamento da área cultivada, através do cultivo consorciado, sucessão ou rotação, beneficiando ambas as culturas e os animais. Desta maneira, os custos de produção assim como o impacto ambiental diminuem. A ILP e a ILPF estão dentro do Plano de Agricultura de Baixo

Carbono (Plano ABC+), e um dos novos objetivos é a ampliação das áreas de ILPF para 35 milhões de hectares até 2030. Considerando o fator de sequestro de carbono da ILPF seja 1,86 t CO2 eq/ha ao ano, cerca de 65,1 Mt CO2 eq/ha ao ano serão sequestrados somente por esse sistema de produção.

Todas essas práticas são consideradas sustentáveis e promovem menores perturbações ao solo e ao ambiente. Além disso, o MIP auxilia na redução de defensivos químicos, assim como o plantio direto e os sistemas integrados podem também favorecer a menor necessidade de uso desses insumos devido o ambiente mais equilibrado.

De modo geral, em todos esses sistemas são geradas condições para que os microrganismos

presentes no solo atuem favorecendo o desenvolvimento das culturas agrícolas, contribuindo para um aumento de produção de alimentos de qualidade e saudável.

Remineralizadores como insumo da agricultura regenerativa

Um dos princípios da agricultura regenerativa é a redução do uso de fertilizantes químicos e altamente solúveis. O uso de remineralizadores como fontes alternativas nas lavouras é uma prática que será aliada na agricultura regenerativa, uma vez que seu uso pode levar a redução do uso dos fertilizantes convencionais, promover a atividade microbiana, melhorar a agregação do solo, e consequentemente, favorecer a infiltração e percolação de água no solo, conservando assim os recursos hídricos.

Os remineralizadores de solo também apresentam potencial no sequestro de carbono da atmosfera, uma vez que seu uso auxilia no aumento da produção de raízes das plantas, proporcionando um aumento de matéria orgânica no solo, sequestrando carbono no solo. O sequestro de carbono também pode acontecer por meio do intemperismo acelerado (enhanced weathering) dos remineralizadores devido ao aumento da área superficial dos minerais intemperizados.

Estudos recentes apontam que o ciclo de vida do remineralizador (produção, transporte e aplicação no solo) apresenta um potencial de sequestro em torno de 0,150 kg de CO2 equivalente por tonelada de remineralizador aplicado (Eufrasio et al., 2022). Se considerarmos a área total cultivada do Brasil de aproximadamente 70 milhões de


hectares, o potencial de sequestro de CO2 será de 10 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano. No entanto, espera-se que até 2050, o Brasil sequestre 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano através do aumento do uso de remineralizadores, de acordo com o Plano Nacional de Fertilizantes.

Referências

Elevitch et al (2018). Agroforestry standards for regenerative agriculture. Sustainability, 10(9):1–21.

Eufrasio, R.M. et al. 2022. Environmental and health impacts of atmospheric CO2 removal by enhanced rock weathering depend on nations’ energy mix. Communications Earth & Environment, 3:106.

FIQUE CONECTADO

CONTATO

(54) 3361-3307

PRIVACIDADE