Interação de plantas de cobertura com prática de remineralização do solo

A técnica da rochagem tem como objetivo revitalizar solos que sofreram degradação, com o intuito de melhorar sua fertilidade para promover práticas agrícolas mais sustentáveis (Theodoro et al., 2012). Contudo, a eficácia da rochagem pode ser restrita quando utilizada como única abordagem para manejar a fertilidade, devido à diversidade na mineralogia e na granulometria das rochas, o que afeta a velocidade de liberação de nutrientes (Carvalho, 2012). Devido à limitada reatividade dos remineralizadores de solo, é essencial explorar alternativas que acelerem a solubilização dos minerais, facilitando a disponibilidade dos nutrientes e resultando em uma maior eficácia no seu aproveitamento (Sustakowski, 2020). Nesse contexto, é importante considerar o uso de plantas de serviço, devido às suas gomas, exsudatos, ácidos e mucilagens radiculares, os quais são liberados e promovem a rápida solubilização dos nutrientes (Keuskamp et al., 2015).

As plantas desenvolvem estratégias para acessar os elementos retidos nas estruturas minerais, que podem variar desde a simples fragmentação das partículas até alterações complexas na superfície dos minerais. Essas mudanças modificam as características químicas e aceleram o intemperismo dos minerais, resultando na disponibilização mais fácil desses elementos para as culturas subsequentes (Hinsigger et al., 2001).

Além disso, a adoção de plantas de cobertura contribuirá para a criação de canais no solo, principalmente através do crescimento das raízes. Os bioporos desempenham um papel crucial na disponibilidade de água, no transporte de nutrientes e na decomposição das raízes, resultando no retorno de nutrientes provenientes das camadas mais profundas do solo. Isso, por sua vez, cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento das raízes das culturas subsequentes (Santos et al., 2014).

Numerosas plantas têm a habilidade de alterar as condições químicas na rizosfera ao liberar íons H+ ou OH-. Esses íons são produzidos durante a respiração e a absorção, ou são liberados por meio de exsudatos e ácidos orgânicos de baixo peso molecular no solo. Esse processo desencadeia a dissolução dos minerais, facilitando a disponibilização de nutrientes para as plantas (Manning et al., 2017). Os ácidos orgânicos liberados pelas plantas interagem com a superfície dos minerais, complexando o Al3+ presente em sua estrutura ou formando quelatos com os cátions da solução. Isso aumenta a instabilidade dos minerais devido ao aumento do gradiente de concentração (Landeweertet et al., 2001). A diferença de pH entre a rizosfera e o solo pode variar até duas unidades, e uma única raiz pode tanto aumentar quanto reduzir o pH da rizosfera, o que por sua vez intensifica a dissolução de compostos que possuem maior solubilidade em pH alto ou baixo (Neumann: Romheld, 2012).

As interações dos ácidos orgânicos e as mudanças na acidez na região da rizosfera podem iniciar gradualmente o processo de dissolução dos minerais. Apesar de ser um processo lento, ocorre de maneira contínua ao longo do ciclo das plantas, desencadeando reações semelhantes ao intemperismo químico desses minerais (Rocha Neto, 2020). A presença de plantas de serviço na cobertura do solo afeta a taxa de mineralização dos nutrientes. A decomposição dos resíduos aumenta a concentração de ácidos orgânicos, iniciando processos de liberação de nutrientes. Isso cria condições favoráveis para a atividade microbiológica ao redor da rizosfera, aumentando o potencial eletroquímico e promovendo estratégias de liberação de elementos retidos na estrutura dos minerais (Guppy et al., 2005).

Algumas variedades de plantas têm a capacidade de aumentar a disponibilidade de nutrientes provenientes de rochas, tornando a remineralização do solo por meio de plantas de cobertura uma alternativa mais rápida para adquirir esses benefícios (Carvalho, 2013). O solo atua como um sistema que retém e libera água, ar e nutrientes para as plantas. Para que as culturas prosperem, o ambiente do solo deve ser equilibrado, com uma adequada relação de poros, uma estrutura bem desenvolvida e sem obstáculos ao crescimento das raízes, proporcionando condições ideais para qualquer cultura (Pires et al., 2013).

Em uma pesquisa envolvendo o uso de pó de rocha com aveia e nabo forrageiro, foi observado um aumento nos níveis de fósforo no solo. Isso sugere que, mesmo quando a rocha possui baixo teor de P2O5, ela contribui para a liberação de quantidades significativas de fósforo durante o ciclo de cultivo. Esse aumento pode estar relacionado à maior concentração de fósforo nas folhas obtida tanto pela rochagem quanto pelo consórcio, o que pode ser atribuído à liberação no solo ou ao deslocamento do fósforo absorvido (Kruker, 2019).

Referências Bibliográficas

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